terça-feira, 2 de julho de 2013

"Tem que ser nacionalista, mas não à moda antiga"


Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, fala sobre a intelectualidade nos dias de hoje e sobre as manifestações pelo país




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"Tem que ser nacionalista, mas não à moda antiga"

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, fala sobre a intelectualidade nos dias de hoje e sobre as manifestações pelo país
Jornalismo
28/06/13 18:31 - Atualizado em 02/07/13 02:50

O sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso esteve no centro do Roda Viva no dia 1º de julho. Na entrevista, ele falou sobre ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL).
De um total de 39 votos, ele recebeu 34. Sociólogo, professor universitário e ex-presidente da República, o agora imortal ocupará a cadeira de número 36, que pertencia ao jornalista João de Scantimburgo (falecido em março deste ano).
Além do assento na ABL, FHC também falou sobre seu livro lançado recentemente, Pensadores Que Inventaram o Brasil. Na obra, ele aborda intelectuais que elaboraram grandes teorias sobre o país. “Esse livro me permitiu, mais dinamicamente, entender as coisas”.
De acordo o sociólogo, atualmente é muito difícil se tornar um intelectual, pois estamos diante de um mundo cada vez mais globalizado: “Hoje, o que acontece é que a especialização é maior. Tem que ser nacionalista, mas não à moda antiga, e sim à moda contemporânea. É muito difícil ser intelectual nos tempos atuais. Quantas pessoas temos, hoje, no Brasil com voz internacional?”, questiona.
FHC ainda falou sobre o preço pago pelo posto de presidente - a solidão do poder. Se pudesse dizer algo a Dilma, ele diria: “Converse um pouco mais. Ouça mais. E procure pessoas mais sinceras”.
Um assunto que não poderia faltar na entrevista com o ex-presidente são os cerca de 700 protestos realizados em todo o país, em dezenas de cidades. Aos 82 anos, ele os compara às manifestações nos tempos da Diretas Já e diz que não é uma reação isolada no Brasil, mas que faz parte da sociedade contemporânea. “O que há de específico nessas manifestações é que hoje se tem a internet. Não precisa mais de um comando centralizado. Qualquer pessoa pode organizar”.
Segundo o sociólogo, o que houve foi um encolhimento do espaço público: “Nada mais é discutido. O espaço eventualmente que resta é a internet”.
Um das diferenças dos movimentos atuais também é a falta de crença em legendas políticas. Com isso, surge uma brecha para aventureiros na próxima eleição à presidência. Pesquisas apontam intenções de voto em Joaquim Barbosa, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). “As pessoas querem alguém que seja reto e que aplique a lei, foi o que ele fez”, justifica.
Para esta edição, o Roda Viva contou com os seguintes entrevistadores: Ricardo Gandour (diretor de conteúdo do Grupo O Estado de S.Paulo); Lilia Schwarcz  (historiadora e antropóloga, professora titular de Antropologia da USP); Plínio Fraga (jornalista); Lourdes Sola (cientista política, ex-presidente da Associação Internacional de Ciência Política); e Sérgio Dávila (editor-executivo do jornal Folha de S. Paulo).  A atração ainda teve a participação fixa do cartunista Paulo Caruso.
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Fonte: TV CULTURA

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